terça-feira, 23 de março de 2010

Documentário – fim da temporada

Pode parecer que foi tudo planejado, mas acreditem: não foi. A verdade é que o meu Macbook, junto com a webcam, possui uma visão privilegiada do meu quarto – que já foi do Zé um dia.

No dia em que armamos para a Elena tirar o atraso com o Zé, acabei indo parar na casa da Bella. A ideia de nos conectarmos ao meu computador para dar uma espiadinha nos dois foi dela. Eu podia ter argumentado que era uma invasão de privacidade, mas ela me garantiu que a Elena não iria ficar brava.

O espetáculo ao qual assistimos foi bem diferente do relatado pelo Zé no post anterior. Para um futuro diretor de cinema, a performance dele como ator de comédia surpreende. É claro que eu não vou colocar o vídeo aqui, mas vou fazer uma espécie de narração dos “melhores momentos”, conforme o tempo de gravação.

2 min – Os dois ficam se beijando de pé, em frente à câmera. Não dá para ver nada e só se ouve os ruídos das pias sendo desentupidas, até ela empurrá-lo para a cama.

3 min – O Zé começa a reclamar de indisposição e pergunta se ela não quer assistir TV na sala.

10 min – Depois de conversarem baixinho por um tempo (inaudível), a Elena começa a tirar a roupa (ueba!). O Zé assiste ao strip parado, o que a leva a tirar a roupa dele também.

15 min – Os dois começam a ralação. O Zé continua duro feito uma estátua, menos na parte do corpo que interessa, e parece até tremer diante dela. A Bella estava achando tanta graça que nem ligou para o fato de eu estar babando no corpo da amiga.

21 min – Elena se esforça para tentar despertar o belo adormecido, que finalmente esboça uma reação.

29 min – Zé pega uma camisinha, mas volta a amolecer na hora de colocar. Ele amaldiçoa a camisinha enquanto Elena o espera deitada na cama, já desanimada.

35 min – Determinado, Zé parte para mais uma tentativa. Elena percebe que está sendo filmada e começa a tirar onda, sem esperança de que alguma coisa mais aconteça.

51 min – Elena desiste e pede para ele parar. O Zé a abraça e começa a chorar no ombro dela, que olha para a câmera sem saber o que fazer.

55 min – Zé melhora e os dois conversam deitados na cama. Discretamente, ele ainda tenta fazer o bicho subir, mas nada acontece.

1h04 min – Elena se levanta e vai ao banheiro. No caminho, fecha o Macbook e encerra a transmissão.

terça-feira, 16 de março de 2010

Armadilha final

Quando começamos este blog, imaginei que fosse encontrar aqui pessoas dispostas a compartilhar pensamentos e encarar discussões de alto nível, cheguei até a brindar os leitores com algumas de minhas histórias que, certamente, virarão clássicos instantâneos do cinema dentro de alguns anos.

Não obstante, tudo o que recebi de volta foram insinuações descabidas e comentários tolos sobre minha vida sexual. Pois bem, então daremos um pouco de circo ao povo hoje!

Reconheço que meus padrões são mesmo elevados, mas abri uma concessão importante quando comecei a sair com Elena. Jamais imaginava que pudesse trocar mais do que duas palavras com alguém que frequentava o mesmo meio social do meu colega de apartamento.

Se fui tolerando os deslizes dela sobre conhecimentos culturais mínimos, foi para não ser acusado de arrogante. Sim, a beleza dela também me entorpeceu, principalmente aquela pele morena, do tipo que ficava quase negra depois de um fim de semana na praia.

De certo modo, achava que podia transmitir a ela ao menos um pouco do meu conheço, e também ao Felipe. Por isso insistia para que ele fosse conosco ao cinema e assistisse à cerimônia do Oscar. E pensei que estivesse no caminho certo quando ele sugeriu que assistíssemos ao documentário sobre o Jards Macalé em cartaz no cinema, aproveitando que Elena estaria fora no fim de semana.

É claro, eu podia ter desconfiado quando, depois de assistirmos ao filme, ele quis ir direto para casa, mas se recusou a subir, dizendo ter outro compromisso e que passaria a noite fora. Lá em cima, Elena me esperava e revelou ter combinado toda a jogada com o Felipe. Assim, ela teve tempo de preparar um jantar romântigo com direito a vinhozinho e, nas palavras dela, “criar o clima” para nós.

Até que começamos bem, mas eu continuava irritado por ter sido enganado, e as coisas começaram a degringolar depois do jantar, quando ela me arrastou para o meu antigo quarto, tomado pelo Felipe na base da grana.

Estava evidente que ali não tinha clima para acontecer nada. Mas ela insistiu naquele estranho ritual de tirar as minhas roupas e tentar me fazer pegar no tranco, como se eu fosse um carro velho. É claro que eu poderia levá-la à loucura a hora que quisesse, mas estava decidido a não dar esse gostinho a ela, só de pirraça.

No final, ela ainda teve a coragem de me perguntar se a culpa era dela, como se não fosse óbvio! Definitivamente, não estou disposto a aturar joguinhos de sedução de quinta categoria, tirados de filmes pornôs enlatados.

terça-feira, 9 de março de 2010

Rei da vela

A muito contragosto, fui parar com o Zé e a Elena no cinema neste fim de semana. Não para assistir a um filme, como todo e qualquer mortal, mas QUATRO! O Zé queria assistir a todos os concorrentes do Oscar – nós já tínhamos visto o Bastardos Inglórios juntos – assim como o o xará dele, o Zé Wilker. Pensando bem, até o jeito de falar dos dois é meio parecido…

Enfim, bem que tentei fugir desse programa de índio, ou melhor, de vela. Estava cheio de trabalho pra fazer e a minha ideia era até dar um pulo no escritório, de onde os meus chefes, aliás, parecem não sair nunca. Mas quem disse que o Zé me largou?

Meu colega de apartamento criou uma estranha fobia nas últimas semanas e não quer ficar sozinho de jeito nenhum. Sugeri a ele chamar a Elena para fazer companhia, mas só foi citar o nome dela pro nervosismo aumentar ainda mais.

O resultado é que tive de acompanhá-lo até o cinema, onde ele havia combinado de encontrar a namorada, e ainda emprestar dinheiro para as entradas, já que o meu amigo anda sempre duro. Uma ironia para quem me acusou no post passado de querer ficar com ela.

- Não quer ficar e assistir o filme com a gente? Estão falando superbem desse argentino – ele convidou.

- Não, obrigado – respondi. Vou deixar vocês namorarem um pouco e…

- Deixa disso, você não atrapalha nada, não é Elena?

Ela deu aquele sorrisinho amarelo que vocês podem imaginar, como se a culpa fosse minha. E assim assistimos aos dois filmes no sábado e outros dois no domingo, sempre no maior climão, exceto pelo meu amigo, que comentava empolgado sobre os filmes como se Elena e eu fôssemos dois críticos de arte.

Pra fechar a noite, quando voltamos pra casa o Zé quase implorou para eu assistir à cerimônia do Oscar com eles. Só pude ir para o quarto e dormir depois que a Elena resolveu pedir um táxi e ir pra casa. E naquela hora o Guerra ao Terror só tinha ganho um dos seis Oscars daquela noite…

terça-feira, 2 de março de 2010

Paredão

Como vocês devem imaginar, este vosso humilde escriba odeia programas como o Big Brother Brasil. Infelizmente, agora que forçosamente cedi o quarto para o meu colega mais bem provido de posses e passei a dormir na sala, sou obrigado a assistir a essas porcarias na TV. Aliás, “porcaria” e “TV” para mim são praticamente sinônimos.

Devo reconhecer, não obstante, que minha vida bem se parece com a de um BBB nos últimos tempos, a ponto de achar que, às vezes, o Pedro Bial está conversando diretamente comigo durante as transmissões. Afinal, todos parecem saber o que acontece na minha casa e tiram suas próprias conclusões – erradas, claro – dos meus posts aqui neste blog.

Mas o pior foi ver que alguns comentários maldosos e desprovidos de fundamento acabaram influenciando o comportamento da minha namorada. Ela começou a relacionar a minha doença no Carnaval, a perda do quarto para o Felipe e outros mal-entendidos relatados no blog a uma suposta inabilidade para concretizar o ato sexual. E ainda acha que eu estaria evitando situações em que pudesse ficar sozinho com ela, com receio de que poderia “rolar” algo.

Foi duro – sem trocadilho – convencê-la de que minha visão sobre sexo e diferente da dos demais mortais. Convenhamos – eu disse a ela - se eu quisesse, poderia trazer pelo menos uma garota por semana para o apartamento. Nada que um pouco do meu charme e da minha capacidade de conquista não fossem capazes de conseguir, ainda mais na faculdade, onde a quantidade de mulheres fáceis por metro quadrado é acima da média. O fato é que prefiro deixar esse tipo de conquista barata para o meu roomate.

- Pois então acho melhor você ficar esperto, porque o seu roomate já tentou me passar várias cantadas baratas. E olha que eu sou louca por uma liquidação – ela ameaçou.

- O que é isso? Um paredão? – perguntei, enquanto assistíamos ao BBB no sábado.

- Não, eu já escolhi você faz tempo!

As insinuações em meio à transmissão televisiva nos inspiraram a ensaiar umas carícias debaixo do edredon, mas o desconforto do sofá-cama e o receio de o Felipe chegar a qualquer momento não nos deixavam relaxar. Não, nossa primeira noite de amor não devia ocorrer daquela forma. Acho que desta vez ela entendeu.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quarto próprio

Eu sei que ando ausente deste blog, mas é que estou mesmo muito enrolado, bem mais do que podia imaginar quando começamos isto aqui. Quem diria que, menos de um ano depois de me mudar para Sampa e ainda no segundo semestre do meu curso, já estaria empregado na minha área?

Na verdade, não passa de um estágio conseguido depois de um contato na Campus, mas ao contrário do que se fala por aí, não fui contratado só para servir cafezinho, e a grana até que é razoável.

Também é verdade que, por enquanto, só executo ordens e faço programação, sem um designzinho próprio sequer. O Zé me enche e diz que traí os meus ideais, mas pelo menos tenho algum dinheiro no bolso e não dependo mais de bicos como instalador de Office pirata por aí…

Estou apenas na segunda semana (incompleta) e ainda estou naquela empolgação inicial. O pior foi ter sido obrigado a deixar Ubatuba em plena terça de Carnaval pra começar no emprego na quarta-feira de cinzas ao meio dia. Um absurdo, isso devia ser proibido por lei!

Mas o que mais me surpreendeu foi a proposta do Zé, assim que cheguei em casa, ainda com a mochila nas costas:

- Quer ficar com o quarto do apê pra você?

- Claro que sim! Quem eu preciso matar?

- Ninguém. Andei pensando, e como estou com muita dificuldade para me sustentar, e como não pretendo abrir mão de meus princípios intelectuais em busca de um trabalho ordinário qualquer, acho que podemos fazer uma nova divisão do aluguel. Você fica com o quarto, mas paga 70%, e eu pago o resto.

É lógico que, do ponto de vista financeiro, a oferta não era vantajosa, mas acabei melhorando as condições quando incluí a cama dele na conta e fiz questão de ressaltar que podia trazer quem eu quisesse para o quarto.

Estreei o cafofo neste sábado com a Bella. Sim, nós voltamos a flertar no Carnaval, demos uns beijinhos e… sei lá, essa nossa história está muito enrolada! Ela chegou em casa com a Elena, que ficou putíssima quando soube do negócio entre o Zé e eu, segundo me contou a Bela.

De fato, quando deixamos o quarto para tomar um ar, os dois estavam com uma cara de velório, não sei se com raiva de mim, de um do outro, ou do filme cabeçudo e parado que passava no DVD (em preto e branco ainda por cima!). Pensei até em emprestar o quarto, mas achei que isso só iria piorar as coisas entre eles…

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Todo carnaval tem seu fim

Acredito que não seja surpresa para ninguém que não gosto de carnaval. Mas apesar de não apreciar o festejo popular, nada tenho contra o descanso de três dias que todos temos nesta semana.

Felipe e os amigos sonsos planejaram voltar à casa que alugaram no Ano Novo. E, agora na condição de namorado da Elena, resolveram me chamar para acompanhá-los. É claro que neguei, não só pelo desprazer da companhia mas também pela falta de grana.

Para minha surpresa, Elena decidiu não ir com eles e ficar para me fazer companhia. Ela passou a semana passada quase toda planejando o nosso carnaval romântico: comprou comida no supermercado, vários filmes para assistirmos em DVD e um estoque enorme de preservativos para a nossa prèmiere.

Enquanto Felipe fazia as malas para ir, ela trazia as coisas para cá. Meu amigo mal escondeu a inveja e a vontade de estar no meu lugar, mas ainda veio me desejar um “bom Carnaval” bem falso, para não dizer irônico, antes de pegar a carona para a praia.

Talvez tenha sido praga dele, o fato é que pouco antes de Elena chegar, ainda na noite de sexta, comecei a passar muito mal. Uma ânsia de vômito misturada com dor de barriga, algo indescritível cuja enfermidade não consegui identificar, pois não tive nenhum sintoma externo visível, algo que pudesse ser detectado num pronto-socorro, para onde ela quis me levar.

Dos nossos planos, só conseguimos assistir aos filmes, sugeri até que alugasse mais alguns, já que no domingo já havíamos visto todos. Mesmo estando mal do estômago, me forcei para comer e não ficar ainda pior, mas é claro que nenhuma comida me caía bem e abortava qualquer esboço de recuperação.

O clima até chegou a esquentar algumas vezes, mas expliquei a ela que não estava em condições de lhe proporcionar uma verdadeira experiência romântica. Eu não gostaria que ela me comparasse depois a algum desses nerds tipo o Felipe com quem ela foi para a cama antes de mim.

Bem, só escrevo isso em plena terça de Carnaval, ainda convalescente, porque acho que Elena não entendeu nada e acabou indo embora ontem à tarde. Perguntei se ela voltava, mas só ouvi em resposta da sala a porta batida na minha cara.

É claro que estou chateado pela situação, mas se ela não voltar será apenas mais uma prova de que se trata de mais uma garota tola e fútil cujo destino será correr atrás de idiotas que passam a maior parte do tempo jogando videogames e falando sobre computadores. Qualquer semelhança com alguém que vocês conhecem deste blog não será mera coincidência…

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pós-Campus

Meus níveis de nerdice foram testados duramente na semana passada, em meio ao universo da Campus Party. Imaginei que tudo não passasse de uma grande balada geek onde predominassem a paz e o amor (principalmente o amor!), como uma espécie de festival de Woodstock no Vale do Silício…

Só não contava com aquele bando de malas com disposição para discutir, a sério, temas ainda mais malas como o futuro do software livre. E em plena madrugada! As poucas mulheres estavam acompanhadas e/ou não me deram bola. Até a Bella resolveu me esnobar pra ficar com um carinha metido a hacker, que levou pra Campus um computador no formato da cabeça do Darth Vader!!!

Mas o pior foi ter que usar parte do meu disco de 2 terabytes que comprei especialmente para fazer um caminhão de downloads, aproveitando a conexão megarápida disponível na festa, para baixar uns filmes de arte, daqueles em que todo mundo fica pelado pra falar sobre filosofia. E não foi um pedido do Zé, mas sim da Elena, que resolveu dar uma de intelectualóide só porque está saindo com o meu roomate.

Para não dizer que tudo foi perdido, consegui fazer uns contatos legais por lá, inclusive do sócio de uma empresa de games para celular que se interessou pelo projeto que fiz com meus amigos da facu. Te cuida, Steve Jobs!

P.S.: A pedidos, decidi encurtar um pouco o post, mas não peçam pra fazer um twitter, ok? ;-)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pandora

Acho que a situação deste blog passou um pouco dos limites. A maioria não sabe e espero que jamais saiba quem sou, mas a quantidade de pessoas que já conhecem a minha identidade verdadeira começa a me incomodar, e muito.

Primeiro, o próprio Felipe. Depois, a Vanessa e alguns dos amigos nerds do Felipe e que se acham o máximo só porque têm aqueles iBostas e outras bugigangas tecnológicas. E pensar que a minha intenção, no início, era mostrar o blog para o pessoal da faculdade. Ainda bem que mudei de ideia…

Enfim, acho que chegamos a um ponto de ruptura, agora que a garota com quem estou saindo não só sabe quem sou de verdade como acompanha o blog. Por sorte, consegui convencê-la de que a maioria das coisas que o Felipe escreve aqui não passa da tosca imaginação dele.

Imaginação esta que não foi capaz de ver que a Elena nada tem a ver com a personagem do Street Fighter a quem ele se inspirou para dar o apelido. O tonto provavelmente nem se deu conta de que a pele mais escura vem da ascendência libanesa da família dela. Ao contrário de mim, que viro um camarão quando vou à praia, a pele dela fica bronzeada de verdade.

Pois bem, no sábado combinamos de ir ao cinema assistir Avatar. É claro que, por mim, jamais perderia tempo com esse lixo hollywoodiano, mas achei que seria forçar a barra levá-la para ver algum europeu que, provavelmente, só eu entenderia.

Elena é, de fato, muito diferente das garotas com quem saí antes, e que na verdade se pareciam muito mais comigo. Imaginem que ela não sabia quem era Truffaut! Olhe que as outras poderiam até não saber, mas jamais admitiriam com tanta facidade e sem peso na consciência como ela fez.

Essa falta de conhecimentos básicos, que seria fatal para qualquer início de relação comigo, acabou não atrapalhando. Elena parecia me conhecer tão bem – provavelmente por ter me lido aqui – que era como se estivéssemos juntos há muito tempo. É, assim como o personagem principal do filme, estou me identificando cada vez mais com o meu avatar. Resta saber se conseguirei, ou desejarei, voltar…

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pré-Campus

O Zé protestou, mas consegui convencê-lo a me deixar fazer uma concentração em casa antes da Campus Party dizendo que tentaria convencer as meninas a fazer uma versão do “strip” guitar hero. Eu sei, a Campus ficou pop demais e hoje não passa de vitrine para os babacas das majors mostrarem os seus produtos e gurus se exibirem como salvadores da pátria. Mas quem se importa? O que eu quero é festa (e de preferência com uma conexão megarápida)!

Veio basicamente o mesmo pessoal do Ano Novo, mais uma menina que estava com o Ken, mas ninguém quis jogar. Afinal, ficaríamos conectados o tempo inteiro lá e todos queriam se preservar como se fossem correr uma maratona. Além do mais, o guitar hero é um jogo de velho e de músicos frustrados e só fica divertido depois de muita bebida, e naquela noite só estávamos na cervejinha com pizza de muzarela.

O Zé ficou quase o tempo inteiro no quarto, como sempre. As meninas estavam supercuriosas sobre ele (menos a Bella, que já o conhecia de vista). Queriam saber quem era o cara que dividia o apê e, principalmente, os posts no blog comigo. A passagem dele pela sala em direção à cozinha causou em burburinho entre elas, que estavam juntas no sofá.

O que eu não esperava era que a Elena (logo a Elena, droga!) fosse a mais curiosa de todas. Ela se levantou e o seguiu até a cozinha. Nós ficamos nos olhando em silêncio, mas o barulho do aparelho de som (na verdade, o DVD que usamos como toca CD) nos impediu de ouvir o que se passava por lá.

Foi preciso eu fingir que passava para o banheiro para dar uma espiada e ver que os dois conversavam como velhos conhecidos. Quando voltei (acabei ficando com vontade de verdade de mijar), eles estavam na sala, o Zé no braço do sofá e a Elena de pé, quase grudada nele.

O Zé parecia tímido, nem um pouco parecido com o Zé que escreve aqui no blog. Admito que fiquei com um pouco de ciúmes, mas acho que a vontade maior era a de saber o que eles tanto falavam. A Bella bem que tentou puxar um papo comigo, mas acho que não rolou clima pra gente.

Uma hora o inevitável aconteceu: a Elena e o Zé se beijaram. Foi quando as meninas estavam de saída. Elas iam passar na casa de uma outra amiga antes de encontrar a gente na Campus. Um beijo meio atrapalhado, ou talvez eu tenha achado isso porque queria estar no lugar dele… Provavelmente esse lance não vai muito longe, mas enquanto isso vou me embebedar nessa internet ultraveloz!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Auto ajuda

Provavelmente tem gente que deve achar que eu guardo algum tipo de sentimento negativo em relação ao meu colega de apartamento. Mas não. Eu só consigo sentir pena. O pobre, com os hormônios adolescentes à flor da pele, ficou todo serelepe depois de participar de uma orgiazinha no fim de ano. Se querem saber, eu não trocaria a minha virada introspectiva e criativa por nada.

Também sinto pena da minha pobre ex-namorada, que a essa hora, apesar de não reconhecer e talvez nem mesmo perceber, deve estar chorando a minha falta enquanto se joga aos braços de um idiota qualquer. Sinto ainda pelos leitores que vêm aqui detratar, por pura incompreensão, o meu talento artístico, e se valem de expedientes como a difamação de minha virilidade, como se o sexo realmente fosse mais importante que os valores intelectuais.

Enfim, espero que meus posts ao menos sirvam para levar um pouco de cultura a quem não tem. Seguindo nessa linha, segue mais uma das ideias que trabalho no momento. O papel feminino (como todos) era seu, Vanessa. Espero que você se amargue de arrependimento quando for ao cinema!

Lucas e Andressa resolvem se mudar da cidade do interior onde vivem juntos para tentar a vida na capital. Ele é um jovem escritor e poeta e ela é atriz, mas sustenta os dois dando aulas particulares de inglês. Incompreendido pelos tolos que não reconhecem seu talento, ele sofre por não trazer dinheiro para casa, mas Vanessa não se importa, pois sabe da genialidade de Lucas e se sente recompensada pela voluptuosidade do namorado na cama. [O filme terá uma grande cena de sexo, toda filmada em câmera lenta, à meia luz e de forma poética, não desse jeito vulgar do Felipe]. No final, a bela Andressa, ainda alucinada pela noite de amor, acaba se distraindo ao atravessar a rua e morre atropelada por um ônibus. Desesperado, Lucas toma-a nos braços e escreve versos de despedida com o sangue da amada no asfalto. FIM

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sexo, videogames e rockandroll

Depois de uma semana de muito sol, os últimos dias do ano foram feios em Ubatuba, mas só no tempo. Estávamos abastecidos com dois consoles (PS3 e Wii) e uma quantidade de jogos suficiente para passarmos meses isolados do mundo, sem falar nos três notebooks. Um ladrão faria a festa, eu sei, mas ainda bem que nada do tipo aconteceu…

Bella e eu ficamos no carro a caminho de praia. Fomos no banco de trás, enquanto a Elena e o Akuma iam no da frente. Os outros foram no carro do Ryu (nossa que apelidos horríveis eu arrumei…). Pensei que fôssemos ficar o tempo todo juntos, tipo casalsinho, mas assim que chegamos lá ela me deu um gelo básico e foi dormir no quarto com as outras minas.

Na semana de sol, ficamos na piscina a maior parte do dia, tomando umas cervejas. Os caras eram todos tão ou mais branquelos que eu, vai ver por isso as elas não se animaram de cara. Nesse meio tempo, quem começou a me dar uma trela foi a Mirtes (é o nome dela mesmo!), mas eu fingi que não entendi, com receio de Bella achar ruim e eu acabar ficando na mão no reveillon.

Foi só nos dias de chuva, com todos dentro de casa meio que olhando uns para os outros, que a coisa começou a acontecer. Instalamos os instrumentos do Rock Band na TV da casa que alugamos e começamos a jogar, divididos em duas bandas: a Nexus (eu na batera, Bella na voz, Ken e Akuma dividindo guitarra e baixo) e a PodBand (Ryu, Mirtes, Alex e Elena na mesma ordem).

A ideia de apimentar a coisa foi da Mirtes, eu acho, mas com certeza ela deve ter combinado com as outras antes:

- Sem aposta não tem graça – ela disse.

- E vamos apostar o quê? Estou sem grana aqui – eu falei.

- Não quero seu dinheiro. Vamos fazer o seguinte: quem fizer menos pontos a cada música vai ter que tirar uma peça de roupa.

Meio bêbados, todos topamos na hora. Fiquei meio preocupado porque não estava com uma coordenação muito boa na bateria, mas a Bella no vocal foi ainda pior, pois ela não sabia a letra nem o ritmo da música (escolhida pela banda adversária), de um grupo chamado Garbage e nem conseguiu chegar no final.

A nossa performance foi piorando conforme íamos bebendo (e eu sou muito fraco pra bebida). Mas em compensação ficávamos cada vez mais à vontade. Até que a Mirtes tentou sentar no meu colo pra me atrapalhar enquanto eu tocava bateria em When You Were Young, do Killers, e caímos os dois juntos no chão. Engatamos em seguida em um beijo e pegações ali mesmo.

Acho que a nossa iniciativa acabou atiçando os outros, que tentaram se arranjar como puderam. Acabamos Mirtes, eu, Bella e Alex em um dos quartos, onde havia uma cama de casal e outra de solteiro. No começo, bem que tentamos fazer um acordo, mas acabamos os quatro na cama grande. Pelo menos foi o que concluí quando despertei na manhã seguinte dividindo um pequeno espaço ao lado deles.

Bem que tentamos repetir o ritual nos dias seguintes, mas simplesmente não rolou. Acabei ficando mais uma vez com a Bella, bem rápido, numa tarde, mas ninguém além de nós foi muito mais longe. Uma pena, porque eu estava mesmo era a fim da Elena…

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Rumo a Sundance

Passar as festas de fim de ano sozinho até que não foi ruim. É verdade que foi a primeira vez que passei longe dos meus pais e, depois de dois anos, o primeiro Reveillon sem a Vanessa. Mas imaginem ter de compartilhar o mesmo teto que o Felipe e os idiotas dos amigos dele em Ubatuba ou estar envolvido com alguma garota do tipo dessas que vêm ao blog dos outros espalhar maledicências.

Tive até uma grande ideia para o argumento de um curta, confiram:

“Diego, um jovem e brilhante artista, sai do interior em busca de reconhecimento na capital. Sozinho, depois de ser abandonado pela namorada fútil e mimada, e sem dinheiro, perambula pelas ruas da cidade no último dia do ano. Acompanha, anônimo, a corrida de São Silvestre na passagem dos atletas pela Consolação. Em meio à multidão, anota versos e fragmentos de histórias em seu pequeno bloco de notas que os demais tolos sequer imaginam que se tratam de futuras obras de arte. Antes de voltar para o apartamento, compra no supermercado uma garrafa de Espuma de Prata. Embebeda-se e, pouco antes da meia noite, liga para a antiga namorada, declamando um dos poemas – de uma beleza única - que acabara de escrever no bloco de notas. Do outro lado da linha, ela chora de arrependimento e implora perdão a Diego, que desliga o telefone abruptamente. Na virada do ano, o artista rasga a folha com os versos imortais em mil pedaços e os atira pela janela. Depois de exorcizar os fantasmas do passado, recebe a visita misteriosa de uma bela garota, de quem arranca as roupas e faz amor de forma efusiva enquanto sobem os créditos.”

Vai ser uma delícia um dia reler os comentários desse blog e saber que muitos dos que caçoaram de mim aqui serão meus admiradores…

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ubachuva

- São 19 primaveras (ou outonos, pra ser mais preciso) e só duas idas à praia em todo esse tempo, não é por acaso esse meu bronzeado de PC…
- E agora que estou aqui em Ubatuba, a uns três quarteirões da praia, quase não saio de casa…
- Na falta da praia, pelo menos a casa que a gente alugou tem uma bela piscina (que já está bem suja a essa altura)…
- Mas quem sairia para a praia se estivesse tão bem acompanhado como eu?
- Comigo são oito pessoas: a Bella, o Ken, o Ryu, o Alex, a Elena, o Akuma e a Mirtes…
- Os cinco caras começaram dividindo um dos quartos e as garotas o outro. Mas depois de tudo que rolou desde quarta-feira, ninguém mais sabe onde vai passar a noite…
- Passei horas pensando nos apelidos e tirei quase todos da série Street Fighter, exceto pela Bella e a Mirtes, que têm esse nome mesmo e achei engraçado escrever aqui…
- Falando em videogame, os jogos andam bem quentes por aqui, mas depois conto mais… Feliz ano!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Garotas e garotas

O Felipe resolveu viajar na sexta-feira para passar o natal na praia e fingiu ignonar o meu apelo para apagar um comentário impertinente no post anterior. Eu tinha planos de passar o fim de ano em Bauru, até descobrir que a minha reputação também estava meio queimada por lá.

Apesar de dizer que não se importa mais e até de arrumar outro cara, é claro que a Vanessa não deixa de acompanhar esse blog. E ela acreditou mesmo que eu tivesse sido capaz de ir para cama com outra garota enquanto estávamos juntos.

- Quem é essa Majô? – ela me perguntou, ao telefone.

- Não sei, já pedi para o Felipe apagar esse comentário, mas ele sumiu do mapa, nem o celular atende.

- Como você pode fazer isso comigo, depois de tudo que eu aguentei do seu lado?

- Como assim? Vai dizer que acreditou naquela bobagem?

- Ora, será que depois de tudo o que aconteceu você ainda acha que não tem nenhum problema?

- Vanessa, essa garota que escreveu no blog é louca, eu…

É claro que ela não me deixou explicar. E também não vou reproduzir aqui o que ela me disse, apenas que foi o suficiente para ferir (um pouco) a minha autoestima.

Não é todo dia que você descobre que a garota com quem você esteve comprometido e apaixonado por dois anos é uma qualquer que ficava pensando em outros caras enquanto fazia amor e ainda tem a cara de pau de chamá-lo de… bem, vocês sabem o termo para homens incapacitados de dar prazer a uma mulher.

Entendo que ela estava com raiva por pensar que eu a traí, e só por isso resolveu me xingar e dizer todas essas mentiras. Por outro lado, esse deve ser um sinal inequívoco de que ela ainda me ama, apesar de insistir em dizer o contrário.

Deve ser mesmo difícil esquecer alguém como eu, Vanessa é uma pessoa inteligente, ao contrário dessas que o Felipe traz para casa só para me provocar, e aquele papo de sexo deve ter sido apenas uma maneira subjetiva de ela querer me atingir.

O nível intelectual das garotas em geral é mesmo muito baixo, mas um dia hei de encontrar alguma que consiga me compreender em toda a minha complexidade. Alguém se habilita?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lua nova

Às vezes (ok, quase sempre) eu me imagino dentro de um videogame, como se a minha vida fizesse parte de um grande jogo criado por alguém sem muita imaginação ou com poucos recursos tecnológicos. Afinal, por mais que eu passe de fase, acabo enfrentando sempre os mesmos desafios. Mas desta vez acho que o final será diferente.

É claro que não gostei nada do último post do Zé. Se bem que acho que mais uma vez ele se queimou sem querer, e ainda me deu uma fama que eu não quero nem tenho.

A Bella nem precisou de muito esforço pra descobrir o blog, provavelmente algum amigo meu acabou passando o endereço pra ela. Difícil foi convencê-la a não partir a cara do Zé, que se trancou no quarto ao me ouvir no interfone autorizar a subida dela. Ela bateu na porta várias vezes, mas ele simplesmente se fingiu de morto, cheguei até a ficar preocupado.

Foi então que implorei por desculpas, quase chorando. Estava disposto a apanhar por ele e por mim, que poderia muito bem ter apagado o post.

Mas ela não parecia brava, nem mesmo com o Zé.

Só fui entender as intenções dela depois de ser empurrado no sofá. Nem deu tempo de transformar em cama, fizemos tudo ali mesmo, quase não consegui tirar o meu macbook da frente, ou melhor, das minhas costas.

Desde então, outros encontros acabaram acontecendo. Sempre no sofá e sempre com o Zé no quarto, puto da vida, provavelmente. Acho que estou sendo feito de objeto, ou de videogame, nas mãos de Bella, mas quem disse que eu me importo?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Os idiotas

Prometi a mim mesmo que não ia mais atualizar o blog, mas aqui estou eu de novo. Acho que um dia, quando for um cineasta consagrado, vou reler estes posts e rir muito das bobagens que escreveram e comentaram a meu respeito.

Mas enquanto esse dia não chega, preciso conviver com a minha rotina de falta de grana. O Felipe pensa que me fez um favor ao assumir a minha parte na conta da banda larga e a TV a cabo, mas isso já devia ter acontecido há muito tempo, já que é só ele quem usa essas porcarias.

Nessa reta final de faculdade, em meio aos trabalhos e provas, decidi me dedicar um pouco mais, mesmo sabendo que tenho pouco a aprender, os professores são todos uns idiotas. Imaginem só que o meu professor de Argumento teve a coragem de dizer que eu precisava ler mais se quisesse melhorar o meu texto! Ora, vá dizer isso ao analfa do meu roommate

Se não leio mais (não que eu precise, leio porque acho importante intelectualmente), a culpa é dele, que justo agora resolveu dar uma de Don Juan. Depois da cachorrinha Lulu, chegou em casa no sábado à noite com uma garota a tiracolo, provavelmente mais uma idiota fã da série Crepúsculo que acha o Felipe parecido com o Edward só por causa do cabelinho espetado e da pele branquela.

E vejam a proposta indecente que o nosso vampiro me fez: alugar o meu quarto para ele passar a noite com a tal idiota. É claro que eu neguei, apesar de estar mesmo precisando de alguma grana. Os dois acabaram no sofá e eu preso no quarto. E ainda fui obrigado a ouvir os gemidos estridentes da idiota boa parte da noite, como se garotas de verdade fizessem mesmo esse tipo de coisa… ha ha ha

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Game over

- A culpa é sua! – gritou o Zé, apontando o dedo para mim, que mal havia acordado e ainda estava deitado no sofá na quarta-feira de manhã.

- Como?

- Pensa que eu não sei que esses comentários no blog são todos tramados pelos seus amiguinhos?

- Desculpe, eu não vi nada. Cheguei tarde ontem, estou enrolado com os projetos e os trabalhos da facu...

- Ora, ora! Já está se defendendo! Te peguei, te peguei! – ele gritou, soltando cuspe pela boca bem onde eu estava.

- Posso saber o que aconteceu?

- Você sabe! Andou espalhando pelo blog que a minha noite de amor com a Lara era mentira!

- Eu não. Não vê que eu não faço outra coisa além de arrumar os bugs desses mapas? Além do mais, qual o problema, ninguém além da Vanessa sabe quem é você mesmo, pode mentir à vontade...

- Você está insinuando que eu menti? Repete, repete se for homem – ele ameaçou, quase se deitando sobre mim.

Por um momento, pensei que ele fosse me dar um beijo na boca. Não sei direito, mas acho que foi ao imaginar essa cena que não aguentei e comecei a rir. No começo, foi uma risada meio abafada, pois estava mesmo com medo de que ele me batesse, apesar de que ele é tão frágil que na certa quebraria a mão. Mas quando ele perguntou “tá rindo do quê?”, não resisti. Gargalhei, de cair do sofá-cama e desabar no chão.

O pobre do Zé ficou sem ação, parado. Depois, tentou dizer que realmente tinha pegado a Lara, e começou a falar que eles transaram em todos os cantos da casa. Mas tudo o que ele dizia era motivo para eu rir mais e mais, podia ser sobre Lara ou sobre a previsão do tempo.

Sei lá, acho que enfim perdi o mínimo do respeito que ainda sentia por ele, em nome dos tempos de escola. Aquele Zé que eu conheci é totalmente diferente desse com quem eu divido apartamento, e acho que o blog me ajudou a descobrir isso. É como se aquele game que você passou meses para fechar de repente se tornasse uma moleza e sem desafio nenhum.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Assim é que se faz

Muitos já perceberam que este é um blog de ficção. Quem ainda não o fez que leia o aviso ao lado, ou então o último post do Felipe. É claro que ninguém acreditou que eu iria ficar o dia inteiro de bode na sala por causa de uma ex-namorada que resolveu ir embora há quase meio ano. Logo eu que nunca assisto a essas bobagens da TV…

Se fiquei chateado, foi porque a volta dela representaria a expulsão automática do companheiro de república fofoqueiro que me arrumaram. E também porque estou realmente muito sem grana, enquanto vejo esse figura com quem eu divido o apartamento o gastar dinheiro que ele ganha sei lá como em parafernalhas tecnológicas inúteis.

Mas pelo menos ganhei uma folga neste feriado. Assim como o Felipe aproveitou a minha ausência para fazer uma festinha (provavelmente um campeonato de videogame hahahahaha), eu também passei os três dias muito bem acompanhado.

Convidei a Lara para conferir alguns DVDs clássicos da minha coleção, e com o sofá e o resto do apê livre vocês podem imaginar o que aconteceu! Acabamos nós mesmos fazendo nosso próprio filme, e com cenas pra lá de picantes... E com tantas continuações que deixariam Jason e Halloween com inveja!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fantasia final

Foi mais difícil que o normal aguentar o Zé nesta última semana. Em vez de se trancar no quarto, como de costume, ele resolveu afogar as mágoas assistindo a TV sem parar, sentado e muitas vezes deitado no lugar onde eu deveria dormir.

Estranho ver aquele cara, a quem eu tanto admirava nos tempos da escola, todo choroso do meu lado. Ele ficou a semana toda esperando por um comentário da Vanessa ao último post dele, quase postei uma resposta fake só pra ver o meu pedaço de sofá livre… ;-)

E pensar que o fim de semana em que o Zé esteve fora de casa foi bem proveitoso. Finalmente terminei a minha parte no mapa do game que me tomou quase três meses. O projeto ultrassofisticado dos meus sonhos acabou tendo que adaptar para os 8 bits, aproveitando essa modinha dos consoles antigos no PC e nos celulares.

Mas o melhor de ter o apartamento só para mim veio depois. Acabei convidando os meus amigos/sócios pra apresentar as rotinas do game. Mas eles tinham outros planos e não queriam saber de trabalho, sabendo que estava sozinho no apê.

E o que deveria virar uma reunião virou uma festinha (festinha mesmo, eram só 9 pessoas), onde acabei conhecendo Lulu, prima da ficante de um dos meus sócios (complicado?).

Bom, daí vcs sabem: papo vai, papo vem… um beijo aqui, outro ali… a galera avacalhando o clima… Até que enfim ficamos só os dois no apê. Já era manhã de segunda, e eu achava que o Zé ia chegar a qualquer momento.

Lulu ficou pra me ajudar a arrumar a bagunça, mas antes queria porque queria me arrastar pro quarto. Fiquei envergonhado de usar a cama do Zé, meio encucado até, depois do que aconteceu com ele. Acabou rolando no sofá mesmo, e acho que foi melhor, porque se acontecesse qualquer problema (e não aconteceu!), teria uma desculpa a menos pra arrumar.

Agora só preciso dar um jeito de tirar o Zé do meu sofá pra dar um espacinho pra Lulu…

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cebolinha e Rosseau

Vou me valer da lógica nerd do Felipe para explicar meu plano infalível, dividido três partes: 1) passar uns dias na casa dos meus pais; 2) conseguir com eles algum dinheiro para repor as minhas economias e 3) convidar o meu mui amigo a se retirar de casa. Como? Convencendo minha ex-namorada a voltar comigo para São Paulo.

A ideia de me ver de novo com Vanessa e me afastar de garotas que se acham espertinhas demais como a Lara só não me animava mais que a sensação de ter o meu sofá-cama livre do traseiro (gordo? hahahaha) do Felipe. Estava disposto mesmo a me humilhar – algo que nunca faço – para tê-la de volta.

Acabou que o meu plano falhou de modo grotesco, porque: 1) minha mãe estava gripada e nem pode fazer aquela macarronada tradicional de domingo; 2) meu pai está há mais de três meses sem fazer uma venda (ele é corretor de imóveis) e, portanto, não pode mais financiar o futuro cineasta aqui; 3) Vanessa já está com outro cara.

Nem preciso dizer que, das três partes do meu plano infalível, o fracasso da terceira foi a pior. Depois, ao ir atrás de mais detalhes, descobri que minha ex começou a ficar com esse carinha – um babaca que estuda arquitetura na Unesp – apenas duas semanas depois de me deixar sozinho e cheio de contas para pagar em Sampa. Quem sabe – mas não consegui confirmar – já estivesse flertando enquanto ainda dividia o leito de nosso pequeno e outrora harmonioso apê.

Quando soube que eu estava na cidade, ela ainda tentou um encontro, pois achava que eu lhe devia desculpas por conta de um post neste blog, vejam só! De fato, quando escrevi sobre ela, ainda não havia combinado com o Felipe de darmos apelidos às pessoas retratadas aqui. Mas ela só comprovou a minha teoria ao me largar para ficar com esse outro nerd.

Na longa volta de ônibus para casa, ontem pela manhã, triste e abatido, foi impossível não me lembrar de Rousseau: “o homem nasce puro, o meio é que o corrompe”. Provavelmente, o filósofo teve uma desilusão parecida com a minha ao formular sua teoria máxima…

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Escola de Bastardos

Eu sou um tipo meio viciado nas coisas que faço, admito. Quando começo algo, não consigo parar enquanto não termino. Foi assim neste feriado em que acabei não viajando, por conta do maldito mapa de uma fase do jogo que estou desenvolvendo com dois amigos. Vocês não sabem o quanto é difícil desenhar uma palmeira decente. OK, prometo parar com a nerdice… O_O

Imaginei que teria o apartamento só para mim neste fim de semana prolongado, mas o Zé também ficou em Sampa, envolvido com as coisas da mostra de cinema. Ele gastou uma grana que não tinha para comprar um daqueles ingressos especiais, que dão direito a entrada em todas as sessões.

Nos falamos pouco até ontem à tarde, quando a Lara apareceu em casa. Era a primeira vez que a encontrava desde o incidente de semanas atrás. Ficou na cara que o Zé não gostou nada de vê-la ali, ele tinha prometido não trazê-la de volta ao apê para que eu não pudesse comentar mais nada no blog.

- Nós vamos ao cinema, quer ir também? – ela me convidou.

- NÃO! – disse o Zé, quase gritando - Esses filmes da mostra são muito cabeça pra ele.

- Quer saber, também estou cansada da mostra, por que não vamos assistir ao novo do Tarantino?

- Não sei, não quero atrapalhar nada – eu falei.

- Não vai, pode ter certeza – Lara disse, puxando meu braço e me tirando quase à força do sofá, com laptop e tudo.

Fiquei meio sem graça, mas precisava me distrair um pouco depois de quase três dias inteiros sem pôr os pés fora de casa. Fomos os três no carro da Lara. Notei uma mudança no comportamento dela com o Zé. Aquele ar de admiração deu lugar a uma ironia, o jeito como falava com ele era desafiador o tempo todo. Já o meu amigo parecia bem menos confiante, mas lutava para manter a pose e descarregava a raiva em mim sempre que podia.

Não vou aqui falar do filme, pois não sei se quem lê este blog já assistiu (mas deveria!). Até eu, que não sou um grande fã do Tarantino, saí de alma lavada do cinema. Foi o que eu disse a Lara quando ela me perguntou, já na praça de alimentação, o que eu achei do filme. O Zé tinha uma opinião mais elaborada, e era algo mais ou menos assim:

- Tarantino realizou um caso raro de “wishful thinking”, de realizar na tela algo que todos nos desejamos. Houve outras fantasias históricas sobre Hitler, mas não em forma de aventura picaresca com os fatos e estereótipos…

Lara olhou-me por um instante, parou para pensar, e disparou:

- Espere, acho que li isso em algum lugar. Zé, essa opinião é sua mesmo ou de algum crítico de cinema?

- Ora, ora, é minha, como não? É claro que eu li algo a respeito do filme, é minha obrigação como estudioso, assim como vc, mas, ora, eu…

Ele gaguejou mais um pouco, até ela interrompê-lo com um beijo bem quente, que (ok, confesso!) me deixou com uma ponta de inveja e saudades das minhas “emos oferecidas”, como diz o Zé.

No carro, Lara insistiu para subir ou para eles irem à casa dela, mas o Zé estranhamente alegou estar ocupado em um projeto, falando no mesmo tom gaguejante.

Quase me ofereci para ir no lugar dele - e acho que ela seria capaz de aceitar, só pelo descaso - mas o maldito instinto de camaradagem masculina falou mais alto.

Acabamos a noite com os dois assistindo “Super Escola de Heróis”, na Tela Quente - ele, para variar, falando mal do filme o tempo inteiro.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A Vida Como Ela É

Então aqui estou eu, em meio a uma trama que deixaria Nelson Rodrigues corado de vergonha, graças ao meu colega de República. O pobre imaginou que a reação ao último post dele me faria perder a cabeça e partir para a ignorância. Como se eu fosse sujar minhas mãos quando meu verdadeiro talento está no intelecto... Ora, Felipe, eu deveria agradecê-lo por ter mais uma oportunidade de humilhá-lo em público!

Vejamos: parece que diante de uma descrição um tanto fantasiosa do cara que paga para dormir no meu sofá as pessoas foram levadas a pensar que eu tenho alguma espécie de problema de ereção, vejam só… Ora, quem lê este blog sabe que já tive uma namorada por dois anos. E ela nunca reclamou da minha, digamos, performance debaixo dos lençóis.

Caros, a minha relação com Lara Croft (gostei do apelido, apesar de não ter a menor ideia de quem seja) vai muito além de questões sexuais. Ao contrário do Felipe, que se atraca com qualquer emo oferecida por aí, eu tenho um mínimo de critério.

E isso inclui uma boa dose de seleção natural (beleza é claro) e, principalmente, intelectual. Não que Lara seja um poço de sabedoria (imaginem que ela nunca havia assistido um Fellini antes…), mas, para usar um termo vulgar, “dá para o gasto”.

Naquela noite fatídica, estávamos apenas cansados, havíamos discutido muito uma ideia minha para um projeto de roteiro. Ficamos um tempo (não sei exatamente quanto) lá no quarto conversando, os dois nus, como em uma cena de um bom filme francês, enquanto na sala o Felipe – sozinho - assistia a mais um filme ridículo de Hollywood.

O sexo ali era completamente desnecessário, Lara e eu estávamos obtendo uma outra forma de prazer, muito mais elevada. Ela provavelmente riria muito – assim como eu ri – quando li o post do meu amiguinho nerd... Então, foi bom pra você, Felipe?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Viva a noite

Acabei conhecendo a nova garota do Zé, a quem vou chamar carinhosamente de Lara, pela semelhante com a musa do Tomb Raider (não revelo a semelhança nem sob tortura).

Foi meio que sem querer. Estava em casa no sábado à noite terminando um projeto (conto depois, me cobrem) e assistindo a TV quando os dois chegaram. O Zé me olhou com aquela cara de “que diabos vc está fazendo aqui”, mas não tinha me avisado nada que traria alguém em casa. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde que passamos a dividir o apê

Lara foi bem simpática. Ela parecia admirada com o conhecimento do Zé em cinema, literatura e afins e, como eu se esforçava em acompanhar o raciocínio complicado dele.

Os dois fizeram um macarrão e tomaram um vinho na cozinha, enquanto eu fiquei na sala, sem ter para onde ir, já que é o lugar onde eu durmo no nosso apê de um quarto. Beberam umas duas taças e se trancaram no quarto.

Vejam, eu fiz um esforço para não ouvir o que rolava lá dentro, havia acabado de começar um filme bem legal no SBT (O Advogado do Diabo), mas a verdade é que não deu para ouvir muita coisa mesmo. Primeiro uma conversa, uns gemidos de leve, depois mais conversa e uns sons não identificados.

Não contei quanto tempo se passou, mas quando os dois saíram do quarto o filme ainda estava na segunda parte. Ela passou primeiro, dando um tchau rápido quando passou por mim. O Zé foi atrás dela, sem falar comigo.

Confesso que não entendi, os dois devem ter brigado, mas ela não tinha cara de quem estava nervosa, só o Zé, que transpirava debaixo dos óculos. Da porta do quarto aberta, vi uma cena pra lá de estranha: um monte de preservativos e embalagens abertas espalhados em volta da cama.

Na volta, perguntei ao Zé o que aconteceu, mas adivinhem se ele respondeu? Apenas se trancou no quarto, não sem antes dizer que o filme da TV era uma droga.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cinema novo, garota nova

Eu só gostaria de deixar uma coisa clara: Felipe e eu não somos amigos. Eu nem sequer sabia quem ele era até dois meses atrás, apesar de ele me conhecer como veterano na escola onde estudamos em Bauru.

Por um acaso do destino ele dorme na sala do apartamento onde eu moro e divide as despesas comigo, pelo menos até que as coisas comecem a dar certo para mim aqui em Sampa, o que eu espero que aconteça em breve.

Pode parecer soberba da minha parte, e é mesmo. Não vou dizer que não fiquei chocado quando soube que o Felipe ficou com a minha ex, mas nada que tenha tirado o meu sono. Se por acaso fiquei sem falar com ele foi porque simplesmente tinha mais o que fazer.

Se Felipe fosse meu amigo, não saberia só aqui pelo blog que já estou de rolo com uma garota da faculdade. Começamos um lance durante uma festa da turma na sexta passada, depois de um papo regado a muito álcool e Cinema Novo.

Não, Felipe! Cinema Novo não é aquele que inauguraram recentemente no shopping perto de casa… hahahahaha

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Equalize

Depois de publicar o post anterior, o Zé passou dois dias sem trocar uma palavra comigo, como se a culpa de todo o enrosco fosse minha. Não adiantou me desculpar, embora parecesse estranho me desculpar por ter ficado com a ex-namorada dele antes de eles namorarem.

Foram dois longos dias em que ele se trancava o dia inteiro no quarto e só saía à noite para ir à faculdade, depois de mim. Ao me ver, na volta, ele simplesmente se levantava do sofá onde assistia à TV e se fechava no quarto de novo.

Talvez estivéssemos nesta rotina até hoje, se não fosse a Pitty, ou melhor, o desprezo do meu colega de apartamento pela roqueira baiana. Foi durante a apresentação dela no Video Music Brasil, da MTV, que ele decidiu quebrar o silêncio partindo para cima de mim. Mas em vez de me partir a cara, como eu imaginava que ele fosse fazer, ele apenas disse:

-- Felipe, será que você não percebe? Rimar “me adora” com “sou foda” é ridículo.

Para puxar conversa, perguntei por que ele achava a música ruim, e o que deveria fazer para identificar uma rima ridícula. Era a deixa que ele precisava para me dar uma longa explanação sobre o lixo da música adolescente atual, do qual a Pitty era uma das protagonistas.

Não sei se me convenci, em todo caso, para não abalar o precário acordo de paz que selamos, decidi só ouvir as minhas músicas no ipod.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Fora da ordem

Veja só. Vanessa foi minha primeira namorada séria, depois dos casinhos fortuitos do colégio. Foi lá que nos conhecemos, passamos dois anos juntos e chegamos a morar aqui neste apartamento que agora divido com o Felipe por seis meses antes de ela decidir voltar para casa. Não houve nenhuma briga, nenhum rompimento entre nós, chegamos a cogitar a continuidade do namoro a distância, mas ela própria abortou a ideia.

Veja só. Essa mesma pessoa -- tão querida, tão próxima, com uma história inacabada ao seu lado -- recebe um email meu com o endereço deste blog e a sugestão de leitura. Mas eis que, ao decidir comentar, ela o faz no post do meu colega, e de uma maneira impessoal, como se quem estivesse aqui, abrindo as entranhas em público, fosse um casinho fortuito do colégio. E era.

-- Você viu que a Vanessa nos tratou da mesma forma?

-- O quê? Como assim? –- perguntou Felipe.

-- ‘Meninos’, ela nos chamou de ‘meninos’.

-- E o que isso quer dizer?

-- Que, para ela, nós dois estamos no mesmo nível. Eu, o namorado com quem até pouco tempo atrás ela dividia apartamento, e você… Espere, você conhecia a Vanessa?

-- Eu? Não, quer dizer, da escola. Nós éramos da mesma classe, um ano atrás de você. E, estudando juntos, a gente, assim, se conheceu.

-- Sei, então vocês trocaram umas bitocas nessa época…

-- É.

Veja só. Foi uma pergunta retórica, em tom de ironia. Eu não esperava uma confirmação. Não, eu jamais esperaria que a Vanessa pudesse ser capaz de ficar com alguém como o Felipe. Ele se esforçou em explicar que tudo aconteceu antes, os dois eram próximos, ele a ajudava em algumas lições, Vanessa era conhecida por ser fraca nas matérias exatas.

-- Vai ver ela ficou com pena de mim, na época.

Eu não concordei na hora, mas só pode ser isso. Eu não via explicação mais convincente. Veja, Felipe é um cara legal, mas nada interessante, ou pelo menos não é o tipo de cara que arranca suspiros das mulheres, digamos assim. Pena, só pode ser, só pode ser…

sábado, 19 de setembro de 2009

O blog

Design de Games! Quantas vezes vou ter de repetir, Zé? Mas deixa pra lá. Você escreveu tanto que esqueceu de dizer como chegamos ao nome do blog. Eu me lembro como se fosse hoje do seu discurso, até por que foi só há duas semanas.

- A gente precisa de algo que nos una e represente a nossa personalidade

- Tem razão, mas como fazer isso se não temos nada em comum?

O Zé nem se lembrava de mim, mas estudamos juntos no ensino médio, em classes diferentes. Ele era o cara mais requisitado da escola, com aquele cabelão comprido e sempre com o violão debaixo do braço. A mulherada pagava um pau, não é mesmo? Eu nunca tive esse apelo, na verdade estou aqui em São Paulo para aprender com ele como se faz…

Pensei até em batizar o blog com o nome da nossa escola, mas ele detestou. O problema é que não tenho muita paciência pras coisas que ele gosta. Eu dormi de babar no dia em que ele alugou aquele filme do cara no deserto, qual era mesmo? Era pra ser o nome do blog, mas desta vez fui eu quem disse não.

Acho que foi só no dia em que botei aquela música do Radiohead que estava no meu MP3 pra rolar no note que a ficha caiu.

- Que tal “Aliens Subterrâneos”?

Ele ficou quieto, o que eu entendi como uma aprovação. Depois de procurar aqui no blogspot e ver que o nome não estava registrado, criei nossos perfis e o leiaute, sempre com ele do lado, dando pitacos e dizendo coisas do tipo: “não vai parecer ridículo?”.

Eu não estou nem um pouco preocupado, Zé. Ridículo ou não, tenho certeza que vai ser divertido.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O começo e o fim

Faz quase dois meses que Felipe veio morar em casa. Posso dizer que a imagem daquele moleque desengonçado que bateu na porta de em casa com uma mochila nas costas e um laptop debaixo do braço me assombra até hoje.

Foi surpreendente vê-lo são e salvo na minha frente, e com aquele objeto precioso e constante alvo de ladrões à mão. Para dizer a verdade, até torci para ele se ser assaltado, sequestrado quiçá, traumatizar-se com a cidade grande e voltar para a nossa querida e distante Bauru.

A ideia do blog conjunto foi dele, uma maneira de contarmos aquilo que jamais teríamos coragem de dizer na frente do outro, como o parágrafo acima. Ele criou o design e o endereço, mas fiz questão de que o primeiro post fosse meu, para não espantar potenciais leitores.

Estou me acostumando à ideia de escrever aqui. Sei que perder parte do meu tempo no blog me desvia dos grandes planos, de trabalhar nas verdadeiras ideias. Mas, como disse Felipe, pode ser uma forma de treino, de qualquer maneira. Quem sabe essa história não vira um filme qualquer dia?

Tenho um raciocínio meio complexo, coisa de quem é artista por natureza, talvez. Meu nome é José e tenho 20 anos. Estou em São Paulo há quase um ano para estudar cinema, minha maior paixão depois que Vanessa, minha ex, resolveu voltar para Bauru.

Tínhamos planos ambiciosos: montar uma produtora nesse pequeno apartamento que alugamos e fazermos filmes juntos, dirigidos e escritos a quatro mãos. Um dia, porém, ela resolveu voltar para casa. Foi uma decisão súbita: não havíamos brigado (nós nunca brigamos) e vivíamos uma deliciosa lua de mel, sozinhos e longe de nossos pais.

Foi difícil me recuperar. Enquanto padecia emocionalmente, as contas não paravam de chegar, e sem a grana que os pais de Vanessa mandavam não dava para me sustentar.

Estava quase desistindo e voltando para casa quando minha mãe me disse que um garoto, filho de uma amiga lá em Bauru, vinha para São Paulo estudar computação (na verdade, design de computador, ou algo do tipo).

Foi assim que Felipe passou a ocupar o sofá da sala e a produtora de cinema se transformou em um blog de internet. Bem, não deixa de ser um começo, não é mesmo?