terça-feira, 24 de novembro de 2009

Assim é que se faz

Muitos já perceberam que este é um blog de ficção. Quem ainda não o fez que leia o aviso ao lado, ou então o último post do Felipe. É claro que ninguém acreditou que eu iria ficar o dia inteiro de bode na sala por causa de uma ex-namorada que resolveu ir embora há quase meio ano. Logo eu que nunca assisto a essas bobagens da TV…

Se fiquei chateado, foi porque a volta dela representaria a expulsão automática do companheiro de república fofoqueiro que me arrumaram. E também porque estou realmente muito sem grana, enquanto vejo esse figura com quem eu divido o apartamento o gastar dinheiro que ele ganha sei lá como em parafernalhas tecnológicas inúteis.

Mas pelo menos ganhei uma folga neste feriado. Assim como o Felipe aproveitou a minha ausência para fazer uma festinha (provavelmente um campeonato de videogame hahahahaha), eu também passei os três dias muito bem acompanhado.

Convidei a Lara para conferir alguns DVDs clássicos da minha coleção, e com o sofá e o resto do apê livre vocês podem imaginar o que aconteceu! Acabamos nós mesmos fazendo nosso próprio filme, e com cenas pra lá de picantes... E com tantas continuações que deixariam Jason e Halloween com inveja!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fantasia final

Foi mais difícil que o normal aguentar o Zé nesta última semana. Em vez de se trancar no quarto, como de costume, ele resolveu afogar as mágoas assistindo a TV sem parar, sentado e muitas vezes deitado no lugar onde eu deveria dormir.

Estranho ver aquele cara, a quem eu tanto admirava nos tempos da escola, todo choroso do meu lado. Ele ficou a semana toda esperando por um comentário da Vanessa ao último post dele, quase postei uma resposta fake só pra ver o meu pedaço de sofá livre… ;-)

E pensar que o fim de semana em que o Zé esteve fora de casa foi bem proveitoso. Finalmente terminei a minha parte no mapa do game que me tomou quase três meses. O projeto ultrassofisticado dos meus sonhos acabou tendo que adaptar para os 8 bits, aproveitando essa modinha dos consoles antigos no PC e nos celulares.

Mas o melhor de ter o apartamento só para mim veio depois. Acabei convidando os meus amigos/sócios pra apresentar as rotinas do game. Mas eles tinham outros planos e não queriam saber de trabalho, sabendo que estava sozinho no apê.

E o que deveria virar uma reunião virou uma festinha (festinha mesmo, eram só 9 pessoas), onde acabei conhecendo Lulu, prima da ficante de um dos meus sócios (complicado?).

Bom, daí vcs sabem: papo vai, papo vem… um beijo aqui, outro ali… a galera avacalhando o clima… Até que enfim ficamos só os dois no apê. Já era manhã de segunda, e eu achava que o Zé ia chegar a qualquer momento.

Lulu ficou pra me ajudar a arrumar a bagunça, mas antes queria porque queria me arrastar pro quarto. Fiquei envergonhado de usar a cama do Zé, meio encucado até, depois do que aconteceu com ele. Acabou rolando no sofá mesmo, e acho que foi melhor, porque se acontecesse qualquer problema (e não aconteceu!), teria uma desculpa a menos pra arrumar.

Agora só preciso dar um jeito de tirar o Zé do meu sofá pra dar um espacinho pra Lulu…

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cebolinha e Rosseau

Vou me valer da lógica nerd do Felipe para explicar meu plano infalível, dividido três partes: 1) passar uns dias na casa dos meus pais; 2) conseguir com eles algum dinheiro para repor as minhas economias e 3) convidar o meu mui amigo a se retirar de casa. Como? Convencendo minha ex-namorada a voltar comigo para São Paulo.

A ideia de me ver de novo com Vanessa e me afastar de garotas que se acham espertinhas demais como a Lara só não me animava mais que a sensação de ter o meu sofá-cama livre do traseiro (gordo? hahahaha) do Felipe. Estava disposto mesmo a me humilhar – algo que nunca faço – para tê-la de volta.

Acabou que o meu plano falhou de modo grotesco, porque: 1) minha mãe estava gripada e nem pode fazer aquela macarronada tradicional de domingo; 2) meu pai está há mais de três meses sem fazer uma venda (ele é corretor de imóveis) e, portanto, não pode mais financiar o futuro cineasta aqui; 3) Vanessa já está com outro cara.

Nem preciso dizer que, das três partes do meu plano infalível, o fracasso da terceira foi a pior. Depois, ao ir atrás de mais detalhes, descobri que minha ex começou a ficar com esse carinha – um babaca que estuda arquitetura na Unesp – apenas duas semanas depois de me deixar sozinho e cheio de contas para pagar em Sampa. Quem sabe – mas não consegui confirmar – já estivesse flertando enquanto ainda dividia o leito de nosso pequeno e outrora harmonioso apê.

Quando soube que eu estava na cidade, ela ainda tentou um encontro, pois achava que eu lhe devia desculpas por conta de um post neste blog, vejam só! De fato, quando escrevi sobre ela, ainda não havia combinado com o Felipe de darmos apelidos às pessoas retratadas aqui. Mas ela só comprovou a minha teoria ao me largar para ficar com esse outro nerd.

Na longa volta de ônibus para casa, ontem pela manhã, triste e abatido, foi impossível não me lembrar de Rousseau: “o homem nasce puro, o meio é que o corrompe”. Provavelmente, o filósofo teve uma desilusão parecida com a minha ao formular sua teoria máxima…

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Escola de Bastardos

Eu sou um tipo meio viciado nas coisas que faço, admito. Quando começo algo, não consigo parar enquanto não termino. Foi assim neste feriado em que acabei não viajando, por conta do maldito mapa de uma fase do jogo que estou desenvolvendo com dois amigos. Vocês não sabem o quanto é difícil desenhar uma palmeira decente. OK, prometo parar com a nerdice… O_O

Imaginei que teria o apartamento só para mim neste fim de semana prolongado, mas o Zé também ficou em Sampa, envolvido com as coisas da mostra de cinema. Ele gastou uma grana que não tinha para comprar um daqueles ingressos especiais, que dão direito a entrada em todas as sessões.

Nos falamos pouco até ontem à tarde, quando a Lara apareceu em casa. Era a primeira vez que a encontrava desde o incidente de semanas atrás. Ficou na cara que o Zé não gostou nada de vê-la ali, ele tinha prometido não trazê-la de volta ao apê para que eu não pudesse comentar mais nada no blog.

- Nós vamos ao cinema, quer ir também? – ela me convidou.

- NÃO! – disse o Zé, quase gritando - Esses filmes da mostra são muito cabeça pra ele.

- Quer saber, também estou cansada da mostra, por que não vamos assistir ao novo do Tarantino?

- Não sei, não quero atrapalhar nada – eu falei.

- Não vai, pode ter certeza – Lara disse, puxando meu braço e me tirando quase à força do sofá, com laptop e tudo.

Fiquei meio sem graça, mas precisava me distrair um pouco depois de quase três dias inteiros sem pôr os pés fora de casa. Fomos os três no carro da Lara. Notei uma mudança no comportamento dela com o Zé. Aquele ar de admiração deu lugar a uma ironia, o jeito como falava com ele era desafiador o tempo todo. Já o meu amigo parecia bem menos confiante, mas lutava para manter a pose e descarregava a raiva em mim sempre que podia.

Não vou aqui falar do filme, pois não sei se quem lê este blog já assistiu (mas deveria!). Até eu, que não sou um grande fã do Tarantino, saí de alma lavada do cinema. Foi o que eu disse a Lara quando ela me perguntou, já na praça de alimentação, o que eu achei do filme. O Zé tinha uma opinião mais elaborada, e era algo mais ou menos assim:

- Tarantino realizou um caso raro de “wishful thinking”, de realizar na tela algo que todos nos desejamos. Houve outras fantasias históricas sobre Hitler, mas não em forma de aventura picaresca com os fatos e estereótipos…

Lara olhou-me por um instante, parou para pensar, e disparou:

- Espere, acho que li isso em algum lugar. Zé, essa opinião é sua mesmo ou de algum crítico de cinema?

- Ora, ora, é minha, como não? É claro que eu li algo a respeito do filme, é minha obrigação como estudioso, assim como vc, mas, ora, eu…

Ele gaguejou mais um pouco, até ela interrompê-lo com um beijo bem quente, que (ok, confesso!) me deixou com uma ponta de inveja e saudades das minhas “emos oferecidas”, como diz o Zé.

No carro, Lara insistiu para subir ou para eles irem à casa dela, mas o Zé estranhamente alegou estar ocupado em um projeto, falando no mesmo tom gaguejante.

Quase me ofereci para ir no lugar dele - e acho que ela seria capaz de aceitar, só pelo descaso - mas o maldito instinto de camaradagem masculina falou mais alto.

Acabamos a noite com os dois assistindo “Super Escola de Heróis”, na Tela Quente - ele, para variar, falando mal do filme o tempo inteiro.