terça-feira, 27 de outubro de 2009

A Vida Como Ela É

Então aqui estou eu, em meio a uma trama que deixaria Nelson Rodrigues corado de vergonha, graças ao meu colega de República. O pobre imaginou que a reação ao último post dele me faria perder a cabeça e partir para a ignorância. Como se eu fosse sujar minhas mãos quando meu verdadeiro talento está no intelecto... Ora, Felipe, eu deveria agradecê-lo por ter mais uma oportunidade de humilhá-lo em público!

Vejamos: parece que diante de uma descrição um tanto fantasiosa do cara que paga para dormir no meu sofá as pessoas foram levadas a pensar que eu tenho alguma espécie de problema de ereção, vejam só… Ora, quem lê este blog sabe que já tive uma namorada por dois anos. E ela nunca reclamou da minha, digamos, performance debaixo dos lençóis.

Caros, a minha relação com Lara Croft (gostei do apelido, apesar de não ter a menor ideia de quem seja) vai muito além de questões sexuais. Ao contrário do Felipe, que se atraca com qualquer emo oferecida por aí, eu tenho um mínimo de critério.

E isso inclui uma boa dose de seleção natural (beleza é claro) e, principalmente, intelectual. Não que Lara seja um poço de sabedoria (imaginem que ela nunca havia assistido um Fellini antes…), mas, para usar um termo vulgar, “dá para o gasto”.

Naquela noite fatídica, estávamos apenas cansados, havíamos discutido muito uma ideia minha para um projeto de roteiro. Ficamos um tempo (não sei exatamente quanto) lá no quarto conversando, os dois nus, como em uma cena de um bom filme francês, enquanto na sala o Felipe – sozinho - assistia a mais um filme ridículo de Hollywood.

O sexo ali era completamente desnecessário, Lara e eu estávamos obtendo uma outra forma de prazer, muito mais elevada. Ela provavelmente riria muito – assim como eu ri – quando li o post do meu amiguinho nerd... Então, foi bom pra você, Felipe?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Viva a noite

Acabei conhecendo a nova garota do Zé, a quem vou chamar carinhosamente de Lara, pela semelhante com a musa do Tomb Raider (não revelo a semelhança nem sob tortura).

Foi meio que sem querer. Estava em casa no sábado à noite terminando um projeto (conto depois, me cobrem) e assistindo a TV quando os dois chegaram. O Zé me olhou com aquela cara de “que diabos vc está fazendo aqui”, mas não tinha me avisado nada que traria alguém em casa. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde que passamos a dividir o apê

Lara foi bem simpática. Ela parecia admirada com o conhecimento do Zé em cinema, literatura e afins e, como eu se esforçava em acompanhar o raciocínio complicado dele.

Os dois fizeram um macarrão e tomaram um vinho na cozinha, enquanto eu fiquei na sala, sem ter para onde ir, já que é o lugar onde eu durmo no nosso apê de um quarto. Beberam umas duas taças e se trancaram no quarto.

Vejam, eu fiz um esforço para não ouvir o que rolava lá dentro, havia acabado de começar um filme bem legal no SBT (O Advogado do Diabo), mas a verdade é que não deu para ouvir muita coisa mesmo. Primeiro uma conversa, uns gemidos de leve, depois mais conversa e uns sons não identificados.

Não contei quanto tempo se passou, mas quando os dois saíram do quarto o filme ainda estava na segunda parte. Ela passou primeiro, dando um tchau rápido quando passou por mim. O Zé foi atrás dela, sem falar comigo.

Confesso que não entendi, os dois devem ter brigado, mas ela não tinha cara de quem estava nervosa, só o Zé, que transpirava debaixo dos óculos. Da porta do quarto aberta, vi uma cena pra lá de estranha: um monte de preservativos e embalagens abertas espalhados em volta da cama.

Na volta, perguntei ao Zé o que aconteceu, mas adivinhem se ele respondeu? Apenas se trancou no quarto, não sem antes dizer que o filme da TV era uma droga.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cinema novo, garota nova

Eu só gostaria de deixar uma coisa clara: Felipe e eu não somos amigos. Eu nem sequer sabia quem ele era até dois meses atrás, apesar de ele me conhecer como veterano na escola onde estudamos em Bauru.

Por um acaso do destino ele dorme na sala do apartamento onde eu moro e divide as despesas comigo, pelo menos até que as coisas comecem a dar certo para mim aqui em Sampa, o que eu espero que aconteça em breve.

Pode parecer soberba da minha parte, e é mesmo. Não vou dizer que não fiquei chocado quando soube que o Felipe ficou com a minha ex, mas nada que tenha tirado o meu sono. Se por acaso fiquei sem falar com ele foi porque simplesmente tinha mais o que fazer.

Se Felipe fosse meu amigo, não saberia só aqui pelo blog que já estou de rolo com uma garota da faculdade. Começamos um lance durante uma festa da turma na sexta passada, depois de um papo regado a muito álcool e Cinema Novo.

Não, Felipe! Cinema Novo não é aquele que inauguraram recentemente no shopping perto de casa… hahahahaha

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Equalize

Depois de publicar o post anterior, o Zé passou dois dias sem trocar uma palavra comigo, como se a culpa de todo o enrosco fosse minha. Não adiantou me desculpar, embora parecesse estranho me desculpar por ter ficado com a ex-namorada dele antes de eles namorarem.

Foram dois longos dias em que ele se trancava o dia inteiro no quarto e só saía à noite para ir à faculdade, depois de mim. Ao me ver, na volta, ele simplesmente se levantava do sofá onde assistia à TV e se fechava no quarto de novo.

Talvez estivéssemos nesta rotina até hoje, se não fosse a Pitty, ou melhor, o desprezo do meu colega de apartamento pela roqueira baiana. Foi durante a apresentação dela no Video Music Brasil, da MTV, que ele decidiu quebrar o silêncio partindo para cima de mim. Mas em vez de me partir a cara, como eu imaginava que ele fosse fazer, ele apenas disse:

-- Felipe, será que você não percebe? Rimar “me adora” com “sou foda” é ridículo.

Para puxar conversa, perguntei por que ele achava a música ruim, e o que deveria fazer para identificar uma rima ridícula. Era a deixa que ele precisava para me dar uma longa explanação sobre o lixo da música adolescente atual, do qual a Pitty era uma das protagonistas.

Não sei se me convenci, em todo caso, para não abalar o precário acordo de paz que selamos, decidi só ouvir as minhas músicas no ipod.