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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Auto ajuda

Provavelmente tem gente que deve achar que eu guardo algum tipo de sentimento negativo em relação ao meu colega de apartamento. Mas não. Eu só consigo sentir pena. O pobre, com os hormônios adolescentes à flor da pele, ficou todo serelepe depois de participar de uma orgiazinha no fim de ano. Se querem saber, eu não trocaria a minha virada introspectiva e criativa por nada.

Também sinto pena da minha pobre ex-namorada, que a essa hora, apesar de não reconhecer e talvez nem mesmo perceber, deve estar chorando a minha falta enquanto se joga aos braços de um idiota qualquer. Sinto ainda pelos leitores que vêm aqui detratar, por pura incompreensão, o meu talento artístico, e se valem de expedientes como a difamação de minha virilidade, como se o sexo realmente fosse mais importante que os valores intelectuais.

Enfim, espero que meus posts ao menos sirvam para levar um pouco de cultura a quem não tem. Seguindo nessa linha, segue mais uma das ideias que trabalho no momento. O papel feminino (como todos) era seu, Vanessa. Espero que você se amargue de arrependimento quando for ao cinema!

Lucas e Andressa resolvem se mudar da cidade do interior onde vivem juntos para tentar a vida na capital. Ele é um jovem escritor e poeta e ela é atriz, mas sustenta os dois dando aulas particulares de inglês. Incompreendido pelos tolos que não reconhecem seu talento, ele sofre por não trazer dinheiro para casa, mas Vanessa não se importa, pois sabe da genialidade de Lucas e se sente recompensada pela voluptuosidade do namorado na cama. [O filme terá uma grande cena de sexo, toda filmada em câmera lenta, à meia luz e de forma poética, não desse jeito vulgar do Felipe]. No final, a bela Andressa, ainda alucinada pela noite de amor, acaba se distraindo ao atravessar a rua e morre atropelada por um ônibus. Desesperado, Lucas toma-a nos braços e escreve versos de despedida com o sangue da amada no asfalto. FIM

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Garotas e garotas

O Felipe resolveu viajar na sexta-feira para passar o natal na praia e fingiu ignonar o meu apelo para apagar um comentário impertinente no post anterior. Eu tinha planos de passar o fim de ano em Bauru, até descobrir que a minha reputação também estava meio queimada por lá.

Apesar de dizer que não se importa mais e até de arrumar outro cara, é claro que a Vanessa não deixa de acompanhar esse blog. E ela acreditou mesmo que eu tivesse sido capaz de ir para cama com outra garota enquanto estávamos juntos.

- Quem é essa Majô? – ela me perguntou, ao telefone.

- Não sei, já pedi para o Felipe apagar esse comentário, mas ele sumiu do mapa, nem o celular atende.

- Como você pode fazer isso comigo, depois de tudo que eu aguentei do seu lado?

- Como assim? Vai dizer que acreditou naquela bobagem?

- Ora, será que depois de tudo o que aconteceu você ainda acha que não tem nenhum problema?

- Vanessa, essa garota que escreveu no blog é louca, eu…

É claro que ela não me deixou explicar. E também não vou reproduzir aqui o que ela me disse, apenas que foi o suficiente para ferir (um pouco) a minha autoestima.

Não é todo dia que você descobre que a garota com quem você esteve comprometido e apaixonado por dois anos é uma qualquer que ficava pensando em outros caras enquanto fazia amor e ainda tem a cara de pau de chamá-lo de… bem, vocês sabem o termo para homens incapacitados de dar prazer a uma mulher.

Entendo que ela estava com raiva por pensar que eu a traí, e só por isso resolveu me xingar e dizer todas essas mentiras. Por outro lado, esse deve ser um sinal inequívoco de que ela ainda me ama, apesar de insistir em dizer o contrário.

Deve ser mesmo difícil esquecer alguém como eu, Vanessa é uma pessoa inteligente, ao contrário dessas que o Felipe traz para casa só para me provocar, e aquele papo de sexo deve ter sido apenas uma maneira subjetiva de ela querer me atingir.

O nível intelectual das garotas em geral é mesmo muito baixo, mas um dia hei de encontrar alguma que consiga me compreender em toda a minha complexidade. Alguém se habilita?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cebolinha e Rosseau

Vou me valer da lógica nerd do Felipe para explicar meu plano infalível, dividido três partes: 1) passar uns dias na casa dos meus pais; 2) conseguir com eles algum dinheiro para repor as minhas economias e 3) convidar o meu mui amigo a se retirar de casa. Como? Convencendo minha ex-namorada a voltar comigo para São Paulo.

A ideia de me ver de novo com Vanessa e me afastar de garotas que se acham espertinhas demais como a Lara só não me animava mais que a sensação de ter o meu sofá-cama livre do traseiro (gordo? hahahaha) do Felipe. Estava disposto mesmo a me humilhar – algo que nunca faço – para tê-la de volta.

Acabou que o meu plano falhou de modo grotesco, porque: 1) minha mãe estava gripada e nem pode fazer aquela macarronada tradicional de domingo; 2) meu pai está há mais de três meses sem fazer uma venda (ele é corretor de imóveis) e, portanto, não pode mais financiar o futuro cineasta aqui; 3) Vanessa já está com outro cara.

Nem preciso dizer que, das três partes do meu plano infalível, o fracasso da terceira foi a pior. Depois, ao ir atrás de mais detalhes, descobri que minha ex começou a ficar com esse carinha – um babaca que estuda arquitetura na Unesp – apenas duas semanas depois de me deixar sozinho e cheio de contas para pagar em Sampa. Quem sabe – mas não consegui confirmar – já estivesse flertando enquanto ainda dividia o leito de nosso pequeno e outrora harmonioso apê.

Quando soube que eu estava na cidade, ela ainda tentou um encontro, pois achava que eu lhe devia desculpas por conta de um post neste blog, vejam só! De fato, quando escrevi sobre ela, ainda não havia combinado com o Felipe de darmos apelidos às pessoas retratadas aqui. Mas ela só comprovou a minha teoria ao me largar para ficar com esse outro nerd.

Na longa volta de ônibus para casa, ontem pela manhã, triste e abatido, foi impossível não me lembrar de Rousseau: “o homem nasce puro, o meio é que o corrompe”. Provavelmente, o filósofo teve uma desilusão parecida com a minha ao formular sua teoria máxima…

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Fora da ordem

Veja só. Vanessa foi minha primeira namorada séria, depois dos casinhos fortuitos do colégio. Foi lá que nos conhecemos, passamos dois anos juntos e chegamos a morar aqui neste apartamento que agora divido com o Felipe por seis meses antes de ela decidir voltar para casa. Não houve nenhuma briga, nenhum rompimento entre nós, chegamos a cogitar a continuidade do namoro a distância, mas ela própria abortou a ideia.

Veja só. Essa mesma pessoa -- tão querida, tão próxima, com uma história inacabada ao seu lado -- recebe um email meu com o endereço deste blog e a sugestão de leitura. Mas eis que, ao decidir comentar, ela o faz no post do meu colega, e de uma maneira impessoal, como se quem estivesse aqui, abrindo as entranhas em público, fosse um casinho fortuito do colégio. E era.

-- Você viu que a Vanessa nos tratou da mesma forma?

-- O quê? Como assim? –- perguntou Felipe.

-- ‘Meninos’, ela nos chamou de ‘meninos’.

-- E o que isso quer dizer?

-- Que, para ela, nós dois estamos no mesmo nível. Eu, o namorado com quem até pouco tempo atrás ela dividia apartamento, e você… Espere, você conhecia a Vanessa?

-- Eu? Não, quer dizer, da escola. Nós éramos da mesma classe, um ano atrás de você. E, estudando juntos, a gente, assim, se conheceu.

-- Sei, então vocês trocaram umas bitocas nessa época…

-- É.

Veja só. Foi uma pergunta retórica, em tom de ironia. Eu não esperava uma confirmação. Não, eu jamais esperaria que a Vanessa pudesse ser capaz de ficar com alguém como o Felipe. Ele se esforçou em explicar que tudo aconteceu antes, os dois eram próximos, ele a ajudava em algumas lições, Vanessa era conhecida por ser fraca nas matérias exatas.

-- Vai ver ela ficou com pena de mim, na época.

Eu não concordei na hora, mas só pode ser isso. Eu não via explicação mais convincente. Veja, Felipe é um cara legal, mas nada interessante, ou pelo menos não é o tipo de cara que arranca suspiros das mulheres, digamos assim. Pena, só pode ser, só pode ser…

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O começo e o fim

Faz quase dois meses que Felipe veio morar em casa. Posso dizer que a imagem daquele moleque desengonçado que bateu na porta de em casa com uma mochila nas costas e um laptop debaixo do braço me assombra até hoje.

Foi surpreendente vê-lo são e salvo na minha frente, e com aquele objeto precioso e constante alvo de ladrões à mão. Para dizer a verdade, até torci para ele se ser assaltado, sequestrado quiçá, traumatizar-se com a cidade grande e voltar para a nossa querida e distante Bauru.

A ideia do blog conjunto foi dele, uma maneira de contarmos aquilo que jamais teríamos coragem de dizer na frente do outro, como o parágrafo acima. Ele criou o design e o endereço, mas fiz questão de que o primeiro post fosse meu, para não espantar potenciais leitores.

Estou me acostumando à ideia de escrever aqui. Sei que perder parte do meu tempo no blog me desvia dos grandes planos, de trabalhar nas verdadeiras ideias. Mas, como disse Felipe, pode ser uma forma de treino, de qualquer maneira. Quem sabe essa história não vira um filme qualquer dia?

Tenho um raciocínio meio complexo, coisa de quem é artista por natureza, talvez. Meu nome é José e tenho 20 anos. Estou em São Paulo há quase um ano para estudar cinema, minha maior paixão depois que Vanessa, minha ex, resolveu voltar para Bauru.

Tínhamos planos ambiciosos: montar uma produtora nesse pequeno apartamento que alugamos e fazermos filmes juntos, dirigidos e escritos a quatro mãos. Um dia, porém, ela resolveu voltar para casa. Foi uma decisão súbita: não havíamos brigado (nós nunca brigamos) e vivíamos uma deliciosa lua de mel, sozinhos e longe de nossos pais.

Foi difícil me recuperar. Enquanto padecia emocionalmente, as contas não paravam de chegar, e sem a grana que os pais de Vanessa mandavam não dava para me sustentar.

Estava quase desistindo e voltando para casa quando minha mãe me disse que um garoto, filho de uma amiga lá em Bauru, vinha para São Paulo estudar computação (na verdade, design de computador, ou algo do tipo).

Foi assim que Felipe passou a ocupar o sofá da sala e a produtora de cinema se transformou em um blog de internet. Bem, não deixa de ser um começo, não é mesmo?