terça-feira, 23 de março de 2010

Documentário – fim da temporada

Pode parecer que foi tudo planejado, mas acreditem: não foi. A verdade é que o meu Macbook, junto com a webcam, possui uma visão privilegiada do meu quarto – que já foi do Zé um dia.

No dia em que armamos para a Elena tirar o atraso com o Zé, acabei indo parar na casa da Bella. A ideia de nos conectarmos ao meu computador para dar uma espiadinha nos dois foi dela. Eu podia ter argumentado que era uma invasão de privacidade, mas ela me garantiu que a Elena não iria ficar brava.

O espetáculo ao qual assistimos foi bem diferente do relatado pelo Zé no post anterior. Para um futuro diretor de cinema, a performance dele como ator de comédia surpreende. É claro que eu não vou colocar o vídeo aqui, mas vou fazer uma espécie de narração dos “melhores momentos”, conforme o tempo de gravação.

2 min – Os dois ficam se beijando de pé, em frente à câmera. Não dá para ver nada e só se ouve os ruídos das pias sendo desentupidas, até ela empurrá-lo para a cama.

3 min – O Zé começa a reclamar de indisposição e pergunta se ela não quer assistir TV na sala.

10 min – Depois de conversarem baixinho por um tempo (inaudível), a Elena começa a tirar a roupa (ueba!). O Zé assiste ao strip parado, o que a leva a tirar a roupa dele também.

15 min – Os dois começam a ralação. O Zé continua duro feito uma estátua, menos na parte do corpo que interessa, e parece até tremer diante dela. A Bella estava achando tanta graça que nem ligou para o fato de eu estar babando no corpo da amiga.

21 min – Elena se esforça para tentar despertar o belo adormecido, que finalmente esboça uma reação.

29 min – Zé pega uma camisinha, mas volta a amolecer na hora de colocar. Ele amaldiçoa a camisinha enquanto Elena o espera deitada na cama, já desanimada.

35 min – Determinado, Zé parte para mais uma tentativa. Elena percebe que está sendo filmada e começa a tirar onda, sem esperança de que alguma coisa mais aconteça.

51 min – Elena desiste e pede para ele parar. O Zé a abraça e começa a chorar no ombro dela, que olha para a câmera sem saber o que fazer.

55 min – Zé melhora e os dois conversam deitados na cama. Discretamente, ele ainda tenta fazer o bicho subir, mas nada acontece.

1h04 min – Elena se levanta e vai ao banheiro. No caminho, fecha o Macbook e encerra a transmissão.

terça-feira, 16 de março de 2010

Armadilha final

Quando começamos este blog, imaginei que fosse encontrar aqui pessoas dispostas a compartilhar pensamentos e encarar discussões de alto nível, cheguei até a brindar os leitores com algumas de minhas histórias que, certamente, virarão clássicos instantâneos do cinema dentro de alguns anos.

Não obstante, tudo o que recebi de volta foram insinuações descabidas e comentários tolos sobre minha vida sexual. Pois bem, então daremos um pouco de circo ao povo hoje!

Reconheço que meus padrões são mesmo elevados, mas abri uma concessão importante quando comecei a sair com Elena. Jamais imaginava que pudesse trocar mais do que duas palavras com alguém que frequentava o mesmo meio social do meu colega de apartamento.

Se fui tolerando os deslizes dela sobre conhecimentos culturais mínimos, foi para não ser acusado de arrogante. Sim, a beleza dela também me entorpeceu, principalmente aquela pele morena, do tipo que ficava quase negra depois de um fim de semana na praia.

De certo modo, achava que podia transmitir a ela ao menos um pouco do meu conheço, e também ao Felipe. Por isso insistia para que ele fosse conosco ao cinema e assistisse à cerimônia do Oscar. E pensei que estivesse no caminho certo quando ele sugeriu que assistíssemos ao documentário sobre o Jards Macalé em cartaz no cinema, aproveitando que Elena estaria fora no fim de semana.

É claro, eu podia ter desconfiado quando, depois de assistirmos ao filme, ele quis ir direto para casa, mas se recusou a subir, dizendo ter outro compromisso e que passaria a noite fora. Lá em cima, Elena me esperava e revelou ter combinado toda a jogada com o Felipe. Assim, ela teve tempo de preparar um jantar romântigo com direito a vinhozinho e, nas palavras dela, “criar o clima” para nós.

Até que começamos bem, mas eu continuava irritado por ter sido enganado, e as coisas começaram a degringolar depois do jantar, quando ela me arrastou para o meu antigo quarto, tomado pelo Felipe na base da grana.

Estava evidente que ali não tinha clima para acontecer nada. Mas ela insistiu naquele estranho ritual de tirar as minhas roupas e tentar me fazer pegar no tranco, como se eu fosse um carro velho. É claro que eu poderia levá-la à loucura a hora que quisesse, mas estava decidido a não dar esse gostinho a ela, só de pirraça.

No final, ela ainda teve a coragem de me perguntar se a culpa era dela, como se não fosse óbvio! Definitivamente, não estou disposto a aturar joguinhos de sedução de quinta categoria, tirados de filmes pornôs enlatados.

terça-feira, 9 de março de 2010

Rei da vela

A muito contragosto, fui parar com o Zé e a Elena no cinema neste fim de semana. Não para assistir a um filme, como todo e qualquer mortal, mas QUATRO! O Zé queria assistir a todos os concorrentes do Oscar – nós já tínhamos visto o Bastardos Inglórios juntos – assim como o o xará dele, o Zé Wilker. Pensando bem, até o jeito de falar dos dois é meio parecido…

Enfim, bem que tentei fugir desse programa de índio, ou melhor, de vela. Estava cheio de trabalho pra fazer e a minha ideia era até dar um pulo no escritório, de onde os meus chefes, aliás, parecem não sair nunca. Mas quem disse que o Zé me largou?

Meu colega de apartamento criou uma estranha fobia nas últimas semanas e não quer ficar sozinho de jeito nenhum. Sugeri a ele chamar a Elena para fazer companhia, mas só foi citar o nome dela pro nervosismo aumentar ainda mais.

O resultado é que tive de acompanhá-lo até o cinema, onde ele havia combinado de encontrar a namorada, e ainda emprestar dinheiro para as entradas, já que o meu amigo anda sempre duro. Uma ironia para quem me acusou no post passado de querer ficar com ela.

- Não quer ficar e assistir o filme com a gente? Estão falando superbem desse argentino – ele convidou.

- Não, obrigado – respondi. Vou deixar vocês namorarem um pouco e…

- Deixa disso, você não atrapalha nada, não é Elena?

Ela deu aquele sorrisinho amarelo que vocês podem imaginar, como se a culpa fosse minha. E assim assistimos aos dois filmes no sábado e outros dois no domingo, sempre no maior climão, exceto pelo meu amigo, que comentava empolgado sobre os filmes como se Elena e eu fôssemos dois críticos de arte.

Pra fechar a noite, quando voltamos pra casa o Zé quase implorou para eu assistir à cerimônia do Oscar com eles. Só pude ir para o quarto e dormir depois que a Elena resolveu pedir um táxi e ir pra casa. E naquela hora o Guerra ao Terror só tinha ganho um dos seis Oscars daquela noite…

terça-feira, 2 de março de 2010

Paredão

Como vocês devem imaginar, este vosso humilde escriba odeia programas como o Big Brother Brasil. Infelizmente, agora que forçosamente cedi o quarto para o meu colega mais bem provido de posses e passei a dormir na sala, sou obrigado a assistir a essas porcarias na TV. Aliás, “porcaria” e “TV” para mim são praticamente sinônimos.

Devo reconhecer, não obstante, que minha vida bem se parece com a de um BBB nos últimos tempos, a ponto de achar que, às vezes, o Pedro Bial está conversando diretamente comigo durante as transmissões. Afinal, todos parecem saber o que acontece na minha casa e tiram suas próprias conclusões – erradas, claro – dos meus posts aqui neste blog.

Mas o pior foi ver que alguns comentários maldosos e desprovidos de fundamento acabaram influenciando o comportamento da minha namorada. Ela começou a relacionar a minha doença no Carnaval, a perda do quarto para o Felipe e outros mal-entendidos relatados no blog a uma suposta inabilidade para concretizar o ato sexual. E ainda acha que eu estaria evitando situações em que pudesse ficar sozinho com ela, com receio de que poderia “rolar” algo.

Foi duro – sem trocadilho – convencê-la de que minha visão sobre sexo e diferente da dos demais mortais. Convenhamos – eu disse a ela - se eu quisesse, poderia trazer pelo menos uma garota por semana para o apartamento. Nada que um pouco do meu charme e da minha capacidade de conquista não fossem capazes de conseguir, ainda mais na faculdade, onde a quantidade de mulheres fáceis por metro quadrado é acima da média. O fato é que prefiro deixar esse tipo de conquista barata para o meu roomate.

- Pois então acho melhor você ficar esperto, porque o seu roomate já tentou me passar várias cantadas baratas. E olha que eu sou louca por uma liquidação – ela ameaçou.

- O que é isso? Um paredão? – perguntei, enquanto assistíamos ao BBB no sábado.

- Não, eu já escolhi você faz tempo!

As insinuações em meio à transmissão televisiva nos inspiraram a ensaiar umas carícias debaixo do edredon, mas o desconforto do sofá-cama e o receio de o Felipe chegar a qualquer momento não nos deixavam relaxar. Não, nossa primeira noite de amor não devia ocorrer daquela forma. Acho que desta vez ela entendeu.