Depois de publicar o post anterior, o Zé passou dois dias sem trocar uma palavra comigo, como se a culpa de todo o enrosco fosse minha. Não adiantou me desculpar, embora parecesse estranho me desculpar por ter ficado com a ex-namorada dele antes de eles namorarem.
Foram dois longos dias em que ele se trancava o dia inteiro no quarto e só saía à noite para ir à faculdade, depois de mim. Ao me ver, na volta, ele simplesmente se levantava do sofá onde assistia à TV e se fechava no quarto de novo.
Talvez estivéssemos nesta rotina até hoje, se não fosse a Pitty, ou melhor, o desprezo do meu colega de apartamento pela roqueira baiana. Foi durante a apresentação dela no Video Music Brasil, da MTV, que ele decidiu quebrar o silêncio partindo para cima de mim. Mas em vez de me partir a cara, como eu imaginava que ele fosse fazer, ele apenas disse:
-- Felipe, será que você não percebe? Rimar “me adora” com “sou foda” é ridículo.
Para puxar conversa, perguntei por que ele achava a música ruim, e o que deveria fazer para identificar uma rima ridícula. Era a deixa que ele precisava para me dar uma longa explanação sobre o lixo da música adolescente atual, do qual a Pitty era uma das protagonistas.
Não sei se me convenci, em todo caso, para não abalar o precário acordo de paz que selamos, decidi só ouvir as minhas músicas no ipod.
Que honra, vou postar o primeiro comentário nesse blog! Adorei os diálogos! O cenário lembra um certo apê na Vila Mariana... e tantas lembranças me vêm à cabeça!
ResponderExcluirbjs,
Juju
Valeu, Ju. Vc não foi bem a primeira, mas pra vc vale tudo...
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